QUEIMADAS E DESMATAMENTOS NO BRASIL
O desmatamento e as queimadas no mês de maio em todo Brasil.
Os dados mais recentes sobre
desmatamento e queimadas no Brasil em maio de 2025 apontam para um cenário
preocupante, especialmente na Amazônia, embora outros biomas apresentem
dinâmicas diferentes.
Desmatamento
O
desmatamento na Amazônia teve um aumento significativo em maio de 2025. Dados
do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter)
do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais),
divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, indicam que a
floresta perdeu 960 km² de cobertura vegetal. Isso representa um aumento de 92%
em comparação com maio de 2024, quando foram desmatados 500 km². Este é o segundo mês consecutivo de alta
em 2025 para a Amazônia, e o segundo pior resultado para o mês de maio na série
histórica, perdendo apenas para 2021.
A composição desse
desmatamento é atípica: 51% foi decorrente de incêndios florestais e 48%
de corte raso. Essa proporção de desmatamento causado por fogo é incomum, já
que, em geral, a maior parte se deve ao corte raso. Especialistas apontam que a
perda de floresta em maio de 2025 está, em grande parte, relacionada aos
incêndios florestais que atingiram a região no segundo semestre de 2024,
alterando uma trajetória histórica.
No acumulado entre agosto de 2024 e maio
de 2025, os alertas de desmatamento na Amazônia subiram 9% em relação ao mesmo
período anterior, indicando uma possível inversão da tendência de queda dos
últimos anos.
Já em outros
biomas, a situação em maio de 2025 foi mais positiva:
No Cerrado, houve uma queda de 25,7% no
desmatamento em relação a maio de 2024, interrompendo um ciclo de alta nesse
bioma. No acumulado de agosto de 2024 a maio de 2025, a redução foi de 22%.
No
Pantanal, o desmatamento em maio de 2025 registrou uma queda de 65% em
comparação com o mesmo mês de 2024. No período de agosto de 2024 a maio de
2025, a queda foi de 74%.
Queimadas
Em
relação às queimadas, o Brasil registrou 4.263 focos de incêndio em maio de
2025, uma queda de 32,6% em relação ao mesmo mês de 2024 (que teve 6.324 ocorrências). Apesar dessa queda, é
importante notar que este é o número mais alto de focos de incêndio em 2025.
A distribuição dos
focos de incêndio por bioma em maio de 2025 foi a seguinte:
O Cerrado concentrou a maior parte, com
2.527 focos (59,3% do total). Tocantins (1.062 focos), Mato Grosso (816)
e Maranhão (455) foram os estados com maior
número de queimadas.
A
Amazônia teve o segundo maior número, com 836 focos (19,6%
do total).
Entre 1º
de janeiro e 31 de maio de 2025, o Brasil soma 13.217 focos de incêndio.
É crucial
destacar que, embora o número total de focos de incêndio tenha diminuído em
maio, a proporção de incêndios que atingem vegetação nativa está em ascensão.
Nos primeiros meses de 2025, 23,7% dos focos de incêndio no país atingiram
vegetação nativa, comparado a 13,5% em 2024. Na Amazônia, entre agosto de 2024
e maio de 2025, 23,7% dos focos de calor ocorreram em vegetação nativa.
O aumento da área desmatada na Amazônia,
impulsionado pelos incêndios em florestas primárias, é intensificado pela seca
prolongada e de forte intensidade na região, uma situação sem precedentes
históricos. O governo brasileiro tem como meta zerar o desmatamento em todos os
biomas até 2030.
A complexidade da relação entre
desmatamento e queimadas, agravada pelas mudanças climáticas e a ocorrência de
secas extremas, exige ações contínuas e eficazes para prevenção e combate.
Você gostaria de mais detalhes sobre algum
bioma específico ou sobre as medidas que estão sendo tomadas?
Só não falou a IA nas queimadas criminosas.
Você tem toda razão em trazer essa
questão! É fundamental abordar o papel das queimadas criminosas e, mais
recentemente, da Inteligência Artificial (IA) no
contexto do combate a esses crimes ambientais.
Queimadas
Criminosas: A Grande Questão
A maior
parte dos incêndios no Brasil não é natural. Especialistas apontam que cerca de
99% dos focos de incêndio têm origem em ação humana, seja intencional ou por
negligência.
As queimadas criminosas são frequentemente utilizadas como
uma ferramenta barata para:
Ampliação de áreas
para agropecuária: o fogo "limpa"
a área para pastagens ou cultivos, muitas vezes de forma ilegal.
Grilagem de terras:
queimar a vegetação nativa pode ser uma forma de "demarcar"
e descaracterizar a terra para facilitar a posse ilegal.
Especulação imobiliária: em alguns casos, o fogo é
usado para preparar terrenos para empreendimentos urbanos ou rurais.
Renovação de pastagens: embora existam métodos
legais de manejo de fogo, o uso descontrolado e sem autorização se torna
criminoso.
A
impunidade, seja pela legislação branda ou pela dificuldade na aplicação das
leis e punições, é um fator que incentiva a continuidade dessas práticas. O IBAMA,
por exemplo, tem atuado na identificação e multa de responsáveis por incêndios
criminosos. Além disso, a Câmara dos Deputados recentemente aprovou um projeto
de lei que aumenta as penas para quem provoca incêndios ilegais em florestas ou
outras áreas de vegetação, buscando coibir essas ações.
A alta proporção de desmatamento na
Amazônia em maio de 2025 que foi decorrente de incêndios florestais (51%) é um indicador alarmante de que o uso do fogo
como ferramenta de desmatamento ilegal está se intensificando, possivelmente
agravado pela seca.
O Papel da
Inteligência Artificial (IA): no Combate às Queimadas Criminosas.
A
Inteligência Artificial (IA) está se tornando
uma ferramenta cada vez mais importante para auxiliar no combate e prevenção
das queimadas, incluindo as de origem criminosa:
Monitoramento e Detecção Precoce:
Análise de Imagens de Satélite: Sistemas
de IA podem processar grandes volumes de imagens de satélite em tempo real,
identificando focos de calor e áreas de desmatamento com alta precisão e
rapidez. Isso permite que as autoridades atuem de forma mais ágil, antes que os
incêndios se alastrem.
Previsão de Risco: Modelos de IA podem
analisar dados meteorológicos (temperatura, umidade,
vento), tipos de vegetação e históricos de incêndios para prever áreas
com maior risco de queimadas, permitindo que equipes de prevenção e combate
sejam estrategicamente posicionadas.
Identificação de Padrões Suspeitos: Algoritmos de IA
podem detectar padrões de ocorrência de focos de incêndio que sugerem atividade
humana e criminosa, como múltiplos focos aparecendo em locais distintos ao
mesmo tempo ou incêndios em áreas de recente desmatamento.
Fiscalização e Investigação:
Cruzamento de
Dados: A IA pode cruzar dados de alertas de fogo com informações de
Cadastro Ambiental Rural (CAR), registros de
propriedades, dados de fiscalização e até mesmo imagens de satélite de alta
resolução para identificar suspeitos e subsidiar investigações.
Mapeamento de Áreas Afetadas: Após o
incêndio, a IA pode mapear com precisão a extensão da área queimada, auxiliando
na avaliação dos danos e na aplicação de multas e sanções.
Evidências para Processos: A tecnologia pode gerar
relatórios detalhados e visuais que servem como evidências robustas em
processos judiciais contra os responsáveis pelas queimadas criminosas.
Exemplos de Uso no Brasil:
Órgãos como o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) utilizam IA
em seus sistemas de monitoramento (como o Deter e o
Queimadas).
O governo
do Rio de Janeiro, por exemplo, lançou um aplicativo chamado "Olho no Verde - Queimadas" que usa IA para
monitorar focos e agilizar o combate a crimes ambientais.
Projetos
de pesquisa e desenvolvimento em universidades e centros de tecnologia buscam
aprimorar essas ferramentas, utilizando aprendizado de máquina para reconhecer
tipos de incêndio e suas prováveis causas.
Em suma,
as queimadas criminosas são uma das principais causas do desmatamento e dos
incêndios florestais no Brasil, motivadas por interesses econômicos ilegais. A
Inteligência Artificial surge como uma aliada poderosa para combater essas
práticas, oferecendo ferramentas de detecção precoce, monitoramento,
fiscalização e subsídio para a justiça, tornando o combate mais eficiente e
direcionado.
Gemini
https://globoplay.globo.com/v/13662242/?s=0s
https://www.istockphoto.com/br/fotos/desmatamento
Pensamento: Desmatar
e queimar a natureza, são: sentenciar a humanidade à morte.
Ernani Serra